domingo, 22 de maio de 2011

Educadores, angústias, mídia e mérito

Esta semana ficamos impressionados com a repercussão do vídeo da professora Amanda Gurgel que sintetizou muito bem em pouquíssimas palavras tudo o que sente e o que sofre o educador brasileiro.A professora apenas iniciou sua fala mencionando nosso salário, que realmente não é bom, mas mencionou muitas coisas sobre a situação geral da educação, inclusive algo que considero a palavras-chave de todo o seu texto "em nenhum momento em nosso país a educação foi uma prioridade".

Sinto-me feliz por perceber que as pessoas não dependem mais da grande mídia televisiva para formar suas opiniões sobre assuntos tão importantes como a educação de seu povo! E a grande mídia, que trabalha conforme os interesses de grandes empresários e de determinados partidos políticos, agora é refém. Estava eu assistindo ao jogo Corínthians e Grêmio pelo campeonato brasileiro (tv aberta, pois não consigo pagar uma assinatura... sou professor), minha parcela do panis et circences e ouvi o anúncio de que a professora Amanda Gurgel estaria no programa do Faustão logo após o jogo. Assisti todo o programa (foi difícil!) mas infelizmente não consegui ver a reportagem com a professora! O fantástico ignorou a repercussão do vídeo e não incluiu seu conteúdo entre as suas manchetes, mas sim um vídeo muito menos acessado, sobre duas garotas que se afogaram.

O caso é que, as perdas salariais dos professores no estado de São Paulo, o mais rico da federação, chegam a quase 40%, o velho/novo governo PSDB, principal responsável pelas péssimas condições no ensino da rede pública estadual oferece algo próximo a dez por cento de aumento real para julho deste ano. Repetindo a fala da professora: "nossas necessidades são imediatas!"


A grande mídia, repetindo o discurso do governo realizou grandes manipulações que acompanhei durante os oito anos em que estou no magistério, entre esconder da população manifestações que levavam setenta mil professores à Avenida Paulista, até o maior absurdo de todos, organizando no governo Serra programas de promoção por mérito totalmente mal estruturados e transformando em lei a quebra de isonomia na nossa categoria.

O pior de tudo é que durante muitos anos, este complô entre mídia e governo transformaram em vilões os pobres professores e jogou a população contra nós, dificultando ainda mais nosso trabalho tão importante e tão desprezado! Sinto-me feliz pela população buscar informação fora dela, que deve ceder à pressão e publicar o que acontece realmente.

Manifestando minha indignação, ganho hoje no estado muito menos do que ganhava há cinco anos na prefeitura de minha cidade pela mesma quantidade de aulas e não posso participar da "prova de mérito" por ser efetivo na rede "apenas" desde janeiro de 2008! Detalhe, já fiz a prova ano passado e fiquei muito acima da média.

Que mérito é este?

Edgar Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário